Obra:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Autor: Luís Vaz de Camões
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Autor: Luís Vaz de Camões
Fonte: http://www.citador.pt/poemas/mudamse-os-tempos-mudamse-as-vontades-luis-vaz-de-camoes
Luís Vaz de Camões (Lisboa [?], ca., 1524 — Lisboa, 10 de Junho de 1580)
foi um poeta de Portugal,
considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.
Pouco se sabe com certeza sobre
a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa,
de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjetura, mas,
ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando
o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado
na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela
escola não é documentada. Frequentou a corte de Dom
João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como
narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além
de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor
frustrado, se auto exilou em África,
alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal,
feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando
lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes,
combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os
Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os
Lusíadas e recebeu uma
pequena pensão do rei Dom
Sebastião pelos
serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado
dificuldades para se manter.
Logo após a sua morte a sua
obra lírica foi reunida na coletânea Rimas, tendo
deixado também três obras de teatro
cómico. Enquanto viveu queixou-se várias vezes de alegadas injustiças
que sofrera, e da escassa atenção que a sua obra recebia, mas pouco depois de
falecer a sua poesia começou a ser reconhecida como valiosa e de alto padrão
estético por vários nomes importantes da literatura europeia, ganhando
prestígio sempre crescente entre o público e os conhecedores e influenciando
gerações de poetas em vários países. Camões foi um renovador da língua portuguesa e
fixou-lhe um duradouro cânone; tornou-se um dos mais fortes símbolos de
identidade da sua pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona
internacional. Hoje a sua fama está solidamente estabelecida e é considerado um
dos grandes vultos literários da tradição ocidental, sendo traduzido para
várias línguas e tornando-se objeto de uma vasta quantidade de estudos
críticos.
Estrutura
Externa
No poema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” (Camões),podemos observar na
parte externa:
·
Temos
4 estrofes ou seja, um Soneto apresentando dois quartetos e dois tercetos
·
Metrificação:
Mu / da / -se o / ser /, mu / da / -se a
/ con / fi / an / ça: - Decassílabo
To / do o / mun / do é / com / pos / to
/ de / mu / dan / ça, - Decassílabo
To / man / do / sem / pre / no / vas /
qua / li / da / des. - Decassílabo
Con / ti / nua / men / te / ve / mos / no
/ vi / da / des, - Decassílabo
Di / fe / ren / tes / em / tu / do / da
es / pe / ran / ça: - Decassílabo
Do / mal / fi / cam / as / má / goas / na
/ lem / bran / ça, - Decassílabo
E / do / bem / (se al / gum / hou / ve) /
as / sau / da / des. - Decassílabo
O / tem / po / co / bre o / chão / de /
ver / de / man / to, - Decassílabo
Que / já / co / ber / to / foi / de / ne
/ ve / fri / a, - Decassílabo
E a / fo / ra es / te / mu / dar / -se /
ca / da / di / a, - Decassílabo
Ou / tra / mu / dan / ça / faz / de / mor
/ es / pan / to, - Decassílabo
Que / não / se / mu / da / já / co / mo /
so / í / a - Decassílabo
Rimas:
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades, A
Muda-se
o ser, muda-se a confiança: B
Todo
o mundo é composto de mudança, B
Tomando
sempre novas qualidades. A
(ABBA)
Continuamente
vemos novidades, A
Diferentes
em tudo da esperança: B
Do
mal ficam as mágoas na lembrança, B
E
do bem (se algum houve) as saudades. A
(ABBA)
O
tempo cobre o chão de verde manto, C
Que
já coberto foi de neve fria, D
E
em mim converte em choro o doce canto. C
(CDC)
E
afora este mudar-se cada dia, D
Outra
mudança faz de mor espanto, C
Que
não se muda já como soía. D
(DCD)
O
esquema rímico apresenta a seguinte distribuição: ABBA ABBA CDC
DCD. Como se
percebe, nos quartetos, as rimas A são intercaladas (interpoladas ou
opostas), na
medida em que são os extremos do quarteto, enquanto as rimas B são
emparelhadas
(paralelas), ou seja, rimam dois a dois; nos tercetos, as rimas C e D são
cruzadas
(entrecruzadas ou alternadas), na medida em que se revezam nas estrofes.
Estrutura
Interna
·
1ª
Quadra: Tema a
desenvolver.
·
2ª
Quadra: Desenvolvimento
do Tema.
·
1º
Terceto: Confirmação.
·
2º
Terceto: Conclusão.
Na
1ª estrofe, o eu-lírico apresenta a temática que vai desenvolver: a Mudança.
Ele reconhece a mudança que envolve tudo: os sentimentos, o caráter, a
confiança e os valores humanos.
Na
2ª estrofe, o eu-lírico emite sua opinião sobre as mudanças (elas não são as
esperadas e sempre trazem o pior).É o pessimismo e a frustração, porque tanto
do bem, quanto do mal, o que resulta são saudades ou mágoas.
Na
3ª estrofe, para exprimir suas desilusões e seus conflitos diante do mundo, o
eu-lírico estabelece uma comparação entre a ação do tempo, sobre si próprio e
sobre a natureza. Os pares antitéticos são: neve fria e verde manto; doce canto
e choro. A oposição de ideias confirma o estado emocional do conflito,
desagregação, mágoa e frustração do eu-lírico. São demonstrações de que o mundo
é dominado pelas contradições e mudanças que tendem ao labirinto e à
perplexidade.
Na
4ª estrofe, o eu-lírico parece estar conformado com o fluxo natural da mudança,
porém algo o incomoda: “Que já não muda mais como soiá”.É a pura constatação de
que própria mudança é inconstante e se altera .
Sons e Imagem
O ele percebe
e cria relações entre o que vê , imagina e sente e pensa ele estabelece
comparações e contraste e cria imagens e analogias , isto é , procura
semelhanças e diferenças entre as coisas. , isto é , procura semelhanças e
diferenças entre as coisas. A obra usa Metáforas, a linguagem predominante e a
poética .Ele também procura expressar seus sentimentos em forma de comparações.
perfeito, ameiii
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